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             A história do Instituto Boto Cinza é, acima de tudo, uma história de amor.

          Em 1997, um jovem estudante de biologia de Minas Gerais se encantou por uma população de golfinhos na Baía de Sepetiba. Esse amor à primeira vista o levou a dedicar sua vida aos estudos desses seres magníficos. Anos mais tarde, em 2009, já especialista no assunto, ele conheceu, pela internet, uma empreendedora social carioca, que desde criança nutria o sonho de ver ao menos um golfinho na natureza.

 - "Eu vejo centenas de golfinhos todos os dias," ele lhe contou.

 - "Não pode ser verdade," ela respondeu, surpresa. "Como você pode ver tantos golfinhos se, em 33 anos de vida, nunca vi um sequer na natureza?"

          Dessa conversa nasceu muito mais do que um projeto: nasceu uma parceria de vida. Juntos, fundaram o Instituto Boto Cinza, casaram-se, tiveram dois filhos e compartilham uma paixão profunda pelos botos-cinza da Baía de Sepetiba, no litoral sul fluminense.

Todos os dias, acordamos inspirados por esses golfinhos. Trabalhamos incansavelmente para que, no futuro, os filhos dos nossos filhos tenham o mesmo privilégio que temos: o de presenciar uma agregação de botos tão rara no mundo.

 

        Em uma dessas jornadas de campo, saímos com um grupo de pesquisadores da UFMG, prontos para trocar conhecimento. Logo ao sairmos da marina, fomos surpreendidos por um temporal. Mas, conscientes da importância do momento, decidimos continuar até o ponto onde os botos costumam se reunir. Foi então que algo mágico aconteceu: assim como o temporal veio, ele se foi. E no horizonte, pontinhos pretos começaram a dançar diante do nascer do sol. Eram os botos, realizando um espetáculo indescritível! À medida que nos aproximávamos, eles surgiam em grande número, e, encharcados pela chuva, nos vimos rodeados por centenas de golfinhos. Confesso que nunca havia presenciado nada tão lindo. São momentos como esse que alimentam nossa alma e nos dão força para continuar lutando pela sobrevivência dessa espécie tão especial.

       Sabe, os botos-cinza não são como o famoso golfinho Flipper (nariz-de-garrafa), que brinca nas ondas ou busca o toque humano. Eles são seres selvagens, discretos e deixam-se observar à distância. Ainda assim, são igualmente fascinantes e, às vezes, saltam próximos ao barco, permitindo um olhar profundo em seus olhos. O espetáculo que nos oferecem é único no mundo, pois em nenhum outro lugar eles são vistos em tão grande número. Como não lutar diariamente por eles? Por sua sobrevivência? Por seu direito a um ambiente equilibrado e saudável?

     Nossas pesquisas revelam detalhes surpreendentes sobre essa espécie: o cuidado maternal que as fêmeas dedicam aos seus filhotes nos primeiros dois anos de vida é raro no reino animal. Mas, infelizmente, também descobrimos realidades alarmantes, como o declínio insustentável desta população. Esses dados nos impulsionam a buscar políticas públicas de conservação, a promover educação ambiental e a continuar aprendendo, dia após dia, sobre esses magníficos seres.

        O Instituto Boto Cinza depende de voluntários apaixonados que dedicam parte de suas vidas a essa causa. A nossa luta é pela vida deles, pelo direito que têm de viver em um ambiente saudável e próspero. E a nossa esperança é que, com o seu apoio, possamos continuar a proteger e preservar essa espécie tão única e especial.

Elaine Ferreira
Fundadora e Diretora-Presidente do Instituto Boto Cinza

Elaine Ferreira,

a empreendedora social carioca que abandonou tudo em 2009, pela causa dos golfinhos.

Dr. Leonardo Flach, mineiro, coordenador científico, biólogo com experiência de mais de 20 anos no estudo da Ecologia e Conservação de Cetáceos 

Um pouquinho do que rola por aqui...

Este vídeo foi realizado ao final do Projeto Abrace o Boto-Cinza, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, executado de 2013 a 2015.

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